MANOBRAS DESOBSTRUTIVAS

Em relação à eleição das manobras fisioterapêuticas, estudos vêm demonstrando que a aceleração de fluxo expiratório tem sido de grande valia no tratamento da bronquiolite viral aguda. Com a correta execução da manobra, é possível assegurar as trocas gasosas, não se esquecendo de realizar a aceleração de fluxo expiratório, de forma um pouco mais lenta do que o habitual, para que se possa evitar o fechamento dos bronquíolos terminais. Na verdade, deve haver uma adaptação da força que está sendo aplicada pela mão do fisioterapeuta à resistência que o tórax está impondo. Em função do quadro hipersecretivo apresentado pelos bebês com esta doença, pode-se dizer que as manobras de desobstrução brônquica são as mais importantes neste momento. Deste modo, qualquer manobra capaz de provocar a tosse, mobilizando as secreções, já teria valor. Hoje já se sabe que a simples compressão, associada à vibração de um dos pulmões pelas mãos do fisioterapeuta, é suficiente para acionar a tosse. Após a mobilização das secreções, deve-se proceder à aspiração das secreções, evitando-se novos episódios de obstrução, via nasal. Assim, é possível, inclusive, minimizar o reflexo nauseante que é freqüente nas crianças que deglutem as secreções brônquicas.

Vale lembrar que as crianças com bronquiolite desenvolvem um aumento das secreções brônquicas, que caracteriza um quadro de obstrução grave em grande parte dos casos. A aceleração de fluxo expiratório (AFE) é uma manobra que traz resultados bastante rápidos e é realizada sempre de acordo com a resistência torácica e com o volume de fechamento das vias aéreas. A tosse deve acompanhar estas manobras e pode estar associada a outras, tais como o acionamento da tosse com o bloqueio simultâneo das cúpulas diafragmáticas, na fase inspiratória, por exemplo.

Rotineiramente, deve-se avaliar a evolução do quadro clínico  da criança, e a eficácia da terapia que está sendo empregada pode ser avaliada conforme a diminuição da resistência pulmonar, bem como a minimização dos estertores crepitantes e do quadro de sibilância. Com a melhora clínica, há, também, uma redução dos sinais clínicos indicativos de tosse noturna e da inapetência. Durante essa etapa de recuperação, sugere-se otimizar a umidificação das vias aéreas, para manutenção da fluidificação do muco, a adoção da posição prona com elevação do decúbito.

Enquanto a bronquiolite viral aguda é resolvida, é muito importante o acompanhamento fisioterapêutico diário. A prescrição de fisioterapia respiratória durante a fase aguda da doença, como já citado anteriormente, tem sido questionada por alguns autores que acreditam num aumento da hipoxemia pela possível agitação apresentada pelos bebês durante o atendimento fisioterapêutico. Na verdade, a Escola Européia crê que, em função da fisiopatologia desta doença, a atuação do fisioterapeuta é indiscutível, acelerando a resolução clínica, minimizando o tempo de internação hospitalar, evitando a necessidade de suporte ventilatório e a instalação de morbidades associadas. Contudo, a Escola Americana não indica a realização de fisioterapia respiratória na fase aguda da doença por crer que as manobras de desobstrução brônquica, especialmente a tapotagem, provocam um quadro de agitação psicomotora, capaz de gerar esta irritabilidade intensa na criança, com conseqüente aumento da hipoxemia. Ainda, verifica-se que a tapotagem, quando realizada de forma correta, com vigor e ritmo, acalma a criança, e esta acaba permitindo o manuseio sem restrições. 

Assim, fica claro que há uma grande necessidade de se realizar estudos que comprovem a eficácia e a segurança da realização da fisioterapia respiratória no tratamento de crianças que seguem com bronquiolite viral aguda, não se esquecendo de avaliar a validade dos trabalhos já realizados, considerando-se a metodologia empregada e a casuística adotada. Desta forma, pode-se realizar a fisioterapia respiratória com pleno embasamento científico, lembrando-se de que a avaliação clínica da criança a ser manipulada já dá indícios de quais manobras podem ou não ser empregadas em cada caso.

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