REABILITAÇÃO CARDÍACA
A reabilitação cardiovascular está, tradicionalmente, dividida em diversas fases, sequencia das como FASE I, FASE II e FASES III e IV (MARQUES, 2004).
Fase I
Inclui os exercícios para o paciente internado, que se inicia assim que as condições do paciente tenham sido estabilizadas. O médico responsável deve indicar o melhor momento para iniciar essa fase. Os pacientes são encorajados a movimentar seus membros inferiores e alimentar-se sozinhos com o objetivo de diminuir a estase venosa (MARQUES, 2004).
Exercícios de baixa intensidade durante a internação hospitalar tem-se mostrado seguros, praticáveis e benéficos, embora não seja observada nenhuma melhora na aptidão cardiovascular com atividades de baixa intensidade (FARDY e YANOWITZ e WILSON, 2004).
Antes de iniciar um nível mais elevado, o paciente é examinado, mensurando-se a freqüência cardíaca, a pressão arterial, realizando eletrocardiograma e avaliando as limitações músculo-articulares, tonteira, aparência e sintomas (MARQUES, 2004).
Os objetivos dessa fase incluem reduzir o tempo de permanência hospitalar e diminuir os problemas de descondicionamento associados com o repouso prolongado no leito, como atrofia muscular, hipotensão postural e deterioração circulatória geral (FARDY e YANOWITZ e WILSON, 2004).
Fase II
É um programa de exercícios supervisionado baseado em uma prescrição individualizada, especificando intensidade, duração, freqüência e estilo de atividade. O manuseio e as modificações do estilo de vida devem acompanhar a atividade física, sendo assim, um processo contínuo (MARQUES, 2004).
Os objetivos dessa fase incluem (FARDY e YANOWITZ e WILSON, 2004):
Melhorar a função cardiovascular, a capacidade física de trabalho, força, e flexibilidade;
Detectar arritmias e outras alterações durante o exercício que contra indiquem a atividade física;
Educar os pacientes quanto a atividade física;
Trabalhar com o paciente e seus familiares em um programa adequado de manuseio e modificações do estilo de vida;
Melhorar o perfil psicológico dos pacientes
Prova de esforço máximo limitada por sintomas
É uma avaliação eletrocardiograficamente monitorizada do consumo máximo de oxigênio de uma pessoa durante trabalho dinâmico (exercício), utilizando grandes grupos musculares. A prova começa com esforço submáximo, dá tempo para adaptações fisiológicas e aumenta progressivamente a carga de trabalho, até que sejam determinados pontos finais de fadiga individualmente determinados ou ocorram sinais ou sintomas limitantes (IRWIN e TECKLIN, 1994).
Segundo Kappert (1978), essa prova é talvez a avaliação mais definitiva para um paciente antes de entrar em um programa de reabilitação cardíaca. É utilizada na previsão da gravidade da doença. A prova fornece dados importantes na hora de prescrever o plano de reabilitação, porque fornece parte dos dados úteis para a decisão sobre a freqüência das atividades.
Intensidade
A intensidade do exercício prescrito tem base nos resultados do teste de esforço. Uma intensidade de treinamento adequada cai dentro de 60 a 80 por cento da absorção máxima de oxigênio pelo paciente, ou da capacidade de trabalho físico (ARAKAKI e MAGALHÃES, 1996).
Duração
As sessões de tratamento deverão ter duração total de aproximadamente uma hora e deverão ser realizadas três vezes por semana, em dias alternados (REGENGA, 2000).
Freqüência
A freqüência, em parte, é também dependente da intensidade e da duração. São recomendadas três a cinco sessões de exercícios (regularmente espaçadas) por semana. A prescrição do exercício é baseada em atividades físicas com gastos energéticos conhecidos que ficam dentro da capacidade do paciente, determinado pelo teste de esforço máximo (IRWIN e TECKLIN, 1994).
Etapas de tratamento
O programa de treinamento físico envolve três etapas, sendo uma de aquecimento, outra de treinamento e uma outra de desaquecimento. Deve-se fazer um registro diário do programa, das respostas de freqüência cardíaca e pressão arterial e dos sinais e sintomas apresentados durante as sessões de tratamento (REGENGA, 2000).
Após a chegada do paciente ao setor, deverão ser aferidos e registrados os valores pressóricos e de freqüência cardíaca antes da sessão de atendimento. Isso é necessário pois, a partir de um certo período, se pode traçar o perfil de cada paciente, o que permite modificar ou não o protocolo de tratamento previsto, caso percebida alguma alteração da freqüência cardíaca e pressão arterial anteriormente à sessão (REGENGA, 2000).
Aquecimento
Deverá ter duração de 5 a 10 min, sendo efetuados exercícios de alongamento, dinâmicos aeróbios e de coordenação, associados a exercícios respiratórios. Essa fase tem por objetivo preparar os sistemas musculoesquelético e cardiorrespiratório para a fase de condicionamento propriamente dito. No final, afere-se freqüência cardíaca do paciente (REGENGA, 2000).
Segundo Oliveira, et al (2002) o aquecimento tem como principais efeitos fisiológicos: promover o aumento da temperatura corporal, proporcionando um maior relaxamento do tecido colágeno, que é o principal componente do tecido conectivo muscular, diminuindo assim os riscos de lesão; diminuir as concentrações de lactato sangüíneo e aumentar o fluxo sangüíneo local, afim de oxigenar os músculos e também remover mais rápido os elementos catabólicos formados pelo metabolismo celular.
Condicionamento
Tem como objetivo exercitar o paciente a uma freqüência cardíaca programada a fim de obter efeito de treinamento. A intensidade do esforço deve ser aumentada gradualmente até o nível de treino programado. Os exercícios aeróbicos, rítmicos e dinâmicos são enfatizados e planejados de maneira a exercitar os grupos musculares das extremidades superiores e inferiores (MARQUES, 2004).
Essa etapa poderá ser composta por trotes, caminhadas ou outra modalidade de exercício físico em bicicleta e esteira ergométrica ou em outro tipo de equipamento que permita aferir freqüência cardíaca e pressão arterial sistêmica durante sua realização. A duração total varia até cerca de 40 min (REGENGA, 2000).
Desaquecimento e relaxamento
A atividade física deve ser mantida com baixa intensidade de esforço, mantendo em atividade particularmente os músculos mais trabalhados durante a sessão, para facilitar a remoção do ácido láctico (produto do metabolismo) desses músculos e beneficiar a circulação sistêmica através de um massageamento. Deve-se manter um débito cardíaco adequado através do aumento do retorno venoso pela ação de massageamento das veias através da contração e relaxamento muscular (MARQUES, 2004).
Quando exercícios intensos são subitamente interrompidos, principalmente se o indivíduo permanece de pé, há uma tendência do sangue em estasiar nos membros inferiores, resultando em uma diminuição do retorno venoso ao coração. Em conseqüência disso há elevação da freqüência cardíaca e aumento da demanda miocárdica de oxigênio. Hipotensão arterial, hipofluxo cerebral com cefaléia, tonteira ou desmaio também podem ocorrer como conseqüência (FARDY e YANOWITZ e WILSON, 2004).
Os exercícios de relaxamento podem ser realizados no final do desaquecimento, e reduzir a freqüência cardíaca, a pressão arterial e a incidência de arritmias cardíacas (MARQUES, 2004).
Se o paciente apresentar hipertensão arterial logo à chegada, deverão ser aplicados somente exercícios de relaxamento por um período de maior duração. Se o quadro persistir, ele deverá ser encaminhado ao médico antes da próxima sessão (REGENGA, 2000).
Fase III e IV
São programas a longo prazo que enfocam a aptidão física e manutenção do ganho funcional. Após o término bem sucedido da fase II, o paciente passa para a III, que pode ser realizada em casa, clínicas especializadas, programas comunitários ou em outro local com supervisão. Durante a fase III a prescrição de exercícios deve ser revista periodicamente, incorporando os ganhos obtidos (MARQUES, 2004).
Em contraste, a fase IV é geralmente considerada um programa de manutenção, quando a maioria dos parâmetros físicos e fisiológicos estão estagnados. Representa um compromisso com a prática regular de atividade física e controle do estilo de vida, construindo hábitos que necessitam ser levados para toda a vida. Esta fase é também apropriada para indivíduos sedentários sem doença cardíaca, cujo objetivo é melhorar a aptidão física e prevenir problemas de saúde associados à inatividade física. Para estes indivíduos, a fase IV destaca primeiro os ganhos funcionais, o condicionamento e a sua manutenção posteriormente (MARQUES, 2004).
As duas fases apresentam como objetivos (FARDY e YANOWITZ e WILSON, 2004):
Melhorar o condicionamento físico seguido de manutenção
Reduzir fatores de risco de doenças coronarianas
Aumentar a auto-estima e a confiança quando novas atividades são introduzidas e quando o paciente for adaptado progressivamente fora do ambiente de supervisão
Introduzir atividades seguras e diversificadas que possam ser realizadas pelos métodos usuais de aptidão e recreação
Melhorar o conhecimento da habilidade de auto monitorizar
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