CORRENTE ALTERNADA DE BAIXA FREQUÊNCIA OU CORRENTE FARÁDICA


Correntes Alternadas de Baixa e Média Freqüência 

As correntes farádicas reúnem características como :
  • são de baixa frequência
  • proporcionam contração muscular mantida por alguns segundos
  • são aplicadas durante alguns segundos com um intervalo de repouso em seguida
  • os trens de impulso são quadrangulares ou triangulares
  • os tempos de pausa entre trens podem ser compreendidos entre 1 a 40 segundos


    CARACTERISTICAS DE UM TREM DE IMPULSOS
    Um trem de impulsos apresenta as seguintes características importantes :
  • a amplitude dos impulsos é regulável
  • os repousos entre os impulsos variam de 4 a 30 ms
  • a frequência dos trens podem estar na faixa de 30 a 250 Hertz
  • cada impulso tem subida rápida ou progressiva (quadrangular ou triangular) com um tempo de duração compreendida entre 0,1 e 5 ms.


    EFEITOS FISIOLÓGICOS DAS BAIXAS FREQUÊNCIAS SOBRE OS TECIDOS VIVOS
    Sabemos que as baixas frequências desempenham alterações fundamentais como :
  • efeitos motores
  • efeitos eletrolíticos
  • efeitos sensitivos

    As correntes de baixa frequência tem atuação em tecidos como :
  • pele
  • tecido conjuntivo
  • tecido nervoso
  • dissoluções orgânicas
  • fibra muscular estriada
  • fibra muscular lisa : intestinos, vasos linfáticos e sanguíneos e condutores com tecido contrátil
  • articulações

    ATUAÇÃO SOBRE A PELE
    A energia elétrica atravessa a pele sem encontrar resistência assim como outros tecidos promovendo um efeito sensitivo com leve estimulação das terminações nervosas.
    A corrente pode, ainda, em alguns pontos provocar um aquecimento que é causado pela energia térmica formada a partir da energia elétrica levando o local a uma reação hiperêmica com vasodilatação das arteríolas e capilares sanguíneos.
    Não se observam reações como queimaduras químicas que surgem normalmente no galvanismo.

    ATUAÇÃO SOBRE O TECIDO CONJUNTIVO
    O tecido conjuntivo está presente em todo o organismo humano compondo a estrutura dos tendões, fáscias, ligamentos, fibras de colágeno, cicatrizes, cápsulas articulares e sinoviais, fibroses, fibrilas de fixação e união entre a pele e planos mais profundos.
    É um tecido elástico e deformável, com irrigação, nutrição e hidratação próprias, com meios orgânicos fluidos e liberado de outros tecidos vizinhos sem capacidade contrátil.
    A perda da atividade normal do seu metabolismo provoca alterações bastante significativas como influências sobre o sistema imunitário, formação de fibroses, alterações da sua elasticidade, invasão de outros tecidos vizinhos, atrofia e desorganização muscular, rigidez articular, etc.
    As frequências na faixa entre 5 a 10 Hertz promovem contrações de forma rítmica e vibratória nos músculos que interferem também nos tendões, cápsulas, ligamentos, fáscias e cicatrizes favorecendo a movimentação dos tecidos de forma a dar elasticidade, deslocar os planos teciduais e descongestionar o meio intersticial.
    Na faixa entre 5 e 15 Hertz ocorre o desmantelamento do tecido adiposo devido a movimentação local que ainda promove uma ativação metabólica.
    As frequências na faixa entre 10 e 20 Hertz ativam a drenagem linfática por estimulação das válvulas dos pré-coletores linfáticos.
    Além disso, observa-se contração dos músculos estriados que nesta frequência vibram provocando movimentação das fibras de colágeno que ao serem tracionadas conduzem o ambiente intersticial a uma intensa mobilização. Este tipo de ativação do tecido conjuntivo auxilia o processo de redução do quadro inflamatório localizado.

    ATUAÇÃO SOBRE O TECIDO NERVOSO
    A fibra nervosa recebe ondas que atuam principalmente pela "modulação em amplitude".
    Esta estimulação transmitida aos músculos é captada inicialmente pelos pontos motores nervosos e provoca efeitos sensitivos até a certa distância do local onde foram aplicados os eletrodos .
    É importante observar que o trabalho de estimulação destes pontos motores nervosos deve ser adaptado a cada região corporal e a cada cliente de forma individualizada evitando-se dessa forma que ocorram fadigas musculares por se ultrapassar o limite motor.
    Sobre o sistema nervoso sensitivo a corrente promove, sem ultrapassar limites motores , efeitos importantes semelhantes à técnica de estimulação como analgesia, dormência e trocas iônicas do ambiente intersticial.
    Na faixa entre 0 e 10 Hertz a corrente atua desencadeando respostas endorfínicas do cérebro nos casos de dores crônicas. Existem ainda referências quanto ao efeito de estímulo à sedação ou estado de vigília em casos de interferência às ondas cerebrais alfa e beta sob a ação desta faixa.
    Nas frequências maiores o efeito de analgesia sobre dores agudas passa a ser mais direcionado.
    Nesta faixa pode-se produzir adormecimento das terminações sensitivas superficiais com ativação das trocas metabólicas da região devida a transformação da energia eletrica em calórica por efeito Joule.

    EFEITO SOBRE AS DISSOLUÇÕES ORGÂNICAS
    Nas dissoluções orgânicas observa-se ativação do intercâmbio iônico devido à movimentação molecular ou eletrolítica e à invasão de uma energia que irá promover alterações no meio celular.
    A viscosidade do meio ambiente eletrolítico diminui provocando uma ligeira vasodilatação como mecanismo de termorregulação trazendo alterações fisiológicas na região,
    A energia que atua sobre os tecidos é, em parte, absorvida e, em parte transformada em outra de acordo com a intensidade, a frequência, a ressonância da matéria, a impedância, etc.
    Sob o efeito das correntes o organismo se comporta como um condutor de primeira ordem deslocando as cargas elétricas de um lado para outro.

    ATUAÇÃO SOBRE A FIBRA MUSCULAR ESTRIADA
    A fibra muscular tem a capacidade de responder mecanicamente quando provocamos trocas elétricas em seu ambiente fisiológico.
    A corrente interferencial é formada por impulsos sinusoidais de dupla amplitude o que faz com que o membrana das fibras musculares altere seu nivel de polarização ocasionando as respostas motoras.
    Os melhores impulsos para que ocorra a despolarização da membrana da fibra muscular são os de subida rápida, tipo quadrangular.
    A resposta do músculo pode ser obtida através de um único impulso isolado ou com muitos repetidos formando um trem de impulsos.
    Em situações em que a contração é exclusivamente forte, longa e com impulsos muito próximos entre si pode-se provocar fadiga muscular com tetanizações ou cãibras não desejadas.
    A faixa de frequência de 1 a 50 Hertz ou mais entra dentro daquelas que produzem contrações musculares.
    Quando as frequências são baixas até 20 Hertz a contração é vibratória. A partir de 20 Hertz a contração vai se convertendo e é mantida para alcançar sua máxima intensidade.
    Nas frequências até 10 Hertz podemos observar contrações seguidas de relaxamento tornando-se rítmicas e vibratórias e são bem aproveitadas para aliviar as contraturas.
    Em faixas de frequência em torno de 40 Hertz a 50 Hertz a contração ocorre sem dar opção ao músculo para passar por momentos de relaxamento. Nesta frequência é importante observar o limite motor para impedir fadigas musculares, tetanias ou cãibras deixando que o trabalho de estimulação seja desempenhado a nível sensitivo.
    As frequências de melhor resposta contrátil da fibra estriada estão acima de 40 Hertz e dependem em parte do músculo trabalhado, se é lento ou rápido.
    Nesta faixa de frequência entre 40 e 50 Hertz a ginástica isométrica realizada através do trabalho muscular consome energia em grande quantidade. Para poder realizar estas contrações os músculos retiram energia do tecido adiposo local e por esse motivo observamos ao mesmo tempo uma tonificação muscular associada à redução da hipoderme.
    Se colocamos os eletrodos longitudinalmente ao músculo obteremos maiores respostas. 


    A colocação dos eletrodos pode ser feita de duas formas :
    1. os quatro eletrodos de forma cruzada e interferir nos tecidos
    2. os quatro eletrodos nos mesmos locais, dois a dois sem cruzar em sentido longitudinal à massa muscular.

    ATUAÇÃO SOBRE O MÚSCULO LISO
    A resposta mecânica do músculo liso é muito mais lenta que a estriada sendo também sua forma de trabalho diferente.
    A estrutura histofisiológica do músculo liso é distinta da encontrada no músculo estriado.
    As fibras musculares encontram-se dispostas de forma longitudinal e entrelaçadas entre si no tecido muscular liso.
    O músculo liso está presente em diferentes condutos e esfíncteres disposto de forma circular e transversa ao longo destes órgãos tubulares. Sua atua-ção produz ondas de contração que avançam através do conduto e que tem por objetivo facilitar a mobilização dos produtos circulantes no interior dos vasos sanguíneos e linfáticos, dos intestinos, etc.
    A resposta motora da musculatura lisa necessita de muito pouca intensidade para surgir.
    Na verdade, com a intenção de estimular as terminações nervosas superficiais ligada à musculatura estriada acabamos provocando por resposta reflexa a estimulação da musculatura lisa.
    Na faixa de frequência entre 0 e 10 Hertz observam-se fortes contrações mantidas pelos vasos sanguíneos enquanto que os linfáticos são muito mais lentos e apresentam resposta tardia.
    Esta faixa de frequência, praticamente, os mantém contraídos de forma constante devido à lentidão de repolarização da membrana celular o que não ocorre com a musculatura estriada. Para que isso seja evitado é necessário que se faça opção por um trabalho de estimulação que tenha maiores períodos de relaxamento o que favorece o processo fisiológico do tecido muscular liso que demora mais tempo para responder à ação da corrente.
    Entre as frequências de 0 a 50 Hertz podemos notar um melhor efeito anti edema uma vez que surgirão algumas consequências como :
  • contratura acentuada dos ductos linfáticos e sanguíneos com aumento da drenagem dos sistemas vasculares e movimentação dos líquidos
  • maior eliminação de toxinas presentes nos líquidos pela aceleração da drenagem linfática e sanguínea

    EFEITOS SOBRE AS ARTICULAÇÕES 
    O trabalho muscular gera mobilidade articular ao tracionar os tendões a as cápsulas .
    Os líquidos contidos no interior das articulações podem ser mobilizados, as cápsulas sofrem pequenas deformações, as cartilagens são submetidos a pressões e as articulações passam por adelgaçamentos que podem ter maior ou menor intensidade de acordo com o tamanho da articulação e a intensidade de corrente trabalhada.

    A atuação da corrente sobre as articulações traz como consequências :
  • liquefação e maior absorção do derrame
  • melhor nutrição da cartilagem
  • redução na formação de aderências
  • eliminação de edemas capsulares
  • estimulação propioceptivas
  • redução na sedimentação da fibrina do líquido sinovial
  • analgesia por efeito dos estímulos dos nervos mecanorreceptores articulares que apresentam um componente inibidor da dor

    O efeito vibratório das frequências mais baixas proporciona um estímulo analgésico e relaxante sobre os músculos que transmitem às articulações respostas sensitivas com transformação da corrente em energia térmica sem promover qualquer tipo de movimentação, muito importante, principalmente nos quadros agudos dolorosos.

    INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS DAS CORRENTES ALTERNADAS DE BAIXA E MÉDIA FREQUÊNCIA

  • potencialização muscular
  • relaxamento muscular
  • alongamento muscular
  • ativação do bombeamento circulatório
  • ativação do metabolismo celular e tecidual
  • analgesia de dores de origem química
  • analgesia de dores de origem mecânica
  • adelgaçamento de derrames articulares
  • neuralgias
  • aumento e melhora do trofismo local

    PRECAUÇÕES

  • não exceder os tempos propostos no tratamento por sessão
  • observar a intensidade adequada e a colocação dos eletrodos
  • tomar cuidado com as glândulas e suas secreções hormonais
  • tomar cuidado com as cavidades que contenham líquidos onde a corrente pode ser conduzida e concentrada com facilidade como a bexiga
  • tomar cuidado com cavidades que contenham ar que também podem concentrar em excesso energia como os pulmões
  • evitar os centros nervosos paravertebrais
  • tomar cuidado especial com as influências da corrente sobre intestinos, vísceras, órgãos secretores, etc.

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