Crochetagem




A crochetagem é costituída por cinco etapas sucessivas: Palpação digital, palpação instrumental, raspagem, lise de aderência - tração, e drenagem - deslizamentos superficiais e profundos.

A crochetagem foi idealizada ao fim da década dos anos 40 pelo fisioterapeuta sueco Kurt Ekman. Ele trabalhou durante muito tempo com o Drº James Cyriax na Inglaterra, que idealizou a técnica de massagem transversa profunda (MTP), que consiste em eliminar as áreas dolorosas e os nódulos fibrosos graças a uma massagem manual, utilizando fricções profundas.

Ekman, baseando-se nos principios da MTP, porém dando-se conta das limitações da palpação e do tratamento manual dos tecidos moles, elaborou uma instrumentação especifica. Nos planos de deslizamentos mioaponeuróticos profundos, as aderências e os depósitos de pequenas dimensões são dificilmente palpáveis - de onde surgiu a idéia de se criarem instrumentos, em forma de ganchos metálicos que apresentassem diferentes curvas adaptáveis aos relevos anatômicos que permitissem um acesso melhor a estas estruturas patológicas, a fim de eliminá-las.

As técnicas de terapia manual conhecidas à época apresentavam limitações no que tange a atingir uma profundidade ideal que permita acesso às aderências e à produção de lise. A crochetagem veio para preencher essa lacuna.

No Brasil, a crochetagem passou a ser difundida, a partir do ano 2000 pelo professor Henrique Baumgarth, presidente da Associação Brasileira de Crochetagem, com sede no Rio de Janeiro, em parceria com Drº. Raldrei Natividade, através de apresentações em congressos, comprovações publicadas em revistas científicas, orientações monográficas e com a prática clínica alicerçada na pesquisa científica, baseada em evidências de resultados indiscutíveis, assim como o desenvolvimento de pesquisas com acréscimos do conhecimento da Periostbehandlung de Vogler - Krauss (Alemanha), em laboratórios de diferentes cidades do País.

Uma nova configuração do gancho foi desenvolvida na década de 2000 na Associação Brasileira de Crochetagem, com o objetivo de facilitar a abordagem terapêutica quanto a ergonomia através de novos ângulos de curvas e novas extremidades espatulares que passaram a apresentar uma junção das superfícies, uma superfície externa convexa e uma interna plana com borda ligeiramente "bisotee" desbastada. Este permite reduzir o risco álgico, sem risco irritativo cutâneo, justificado pelo arrasto subdermal, potencializando a interposição do instrumento nas estruturas aderidas.

As duas etapas palpatórias são totalmente indolores, , isto se o terapeuta souber respeitar minuciosamente o princípio metodológico não protocolar. No entanto, uma leve sensação dolorosa relacionada ao estado fibroso pode ser sentida durante a etapa das aplicações das manobras. Dependendo do Paciente, o tratamento raramente provoca reações adversas.

Como toda técnica dentro da Fisioterapia, a Crochetagem também tem suas contra-indicações, que são aqueles itens que aos invés de ajudar, pode prejudicar o paciente.


As principais contra-indicações para a técnica são:


  • o terapeuta agressivo ou não acostumado com o método, que pode causar agressões na pele do paciente
  • os maus estados cutâneos (pele hipotrófica, pele com úlceras, as dermatoses como eczema e psoríase) pois já que é um método que o gancho age sobre a pele, pode piorar as lesões descritas;
  • maus estados circulatórios fragilidade capilar sanguínea, reações hiperistamínicas, varizes venosas, adenomas já que a atuação do gancho sob a pele pode agravar isso;
  • pacientes que estão fazendo uso de anticoagulantes pode favorecer o aparecimento de lesões subcutaneas;
  • abordagem demasiadamente direta em processos inflamatórios (tenosinovite, entre outras) podem provocar a piora do quadro, já que o gancho atua de forma direta na região lesada;
  • psicológica (estresse, emoções, entre outras);
  • idade (crianças ou idosos) ou solicitação do paciente;
  • hiperalgia insuportável , por motivos óbvios!
A Crochetagem é mais um método da Fisioterapia para ajudar profissionais a reabilitar seus pacientes da melhor forma possível. Prestando atenção na forma como agir, nas indicações e no que não pode fazer, a tendência é que esse método se torne cada vez mais conhecido.


As ações mecânicas são vistas nas aderências fibrosas que limitam o movimento entre os planos de deslizamento tissulares, nos corpúsculos fibrosos (depósitos úricos ou cálcios) localizados geralmente nos lugares de estases circulatório e próximo às articulações, nas cicatrizes e hematomas, que geram progressivamente aderências entre os planos de deslizamento e nas proeminências ou descolamentos periósteos. 


Os efeitos da compressão, principalmente durante a crochetagem ao nível dos trigger points, sugerem a presença de um efeito reflexo.

A ação circulatória está relacionada com a observação clínica e histológica dos efeitos da terapêutica aplicada que demonstra aumento da circulação sangüínea e provavelmente da circulação linfática. 

Ainda, o rubor cutâneo que segue uma sessão de crochetagem ocorre devido a uma reação histamínica.


Fonte: Henrique Baumgarth e Isis  Maia Baumgarth/ Associação Brasileira de Crochetagem (Matéria publicada no jornal Bem Forte Ano VII Nº44).

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

MÃO E SEUS MOVIMENTOS

DISFUNÇÃO DA ARTICULAÇÃO TEMPORO MANDIBULAR - ATM