Mais de 300 quadros clínicos distintos, com mais de 2 mil causas possíveis, tornam o diagnóstico das doenças do labirinto um desafio para qualquer especialista na área da otorrinolaringologia. É, na verdade, um universo extenso, cheio de mitos, e, como qualquer outro problema de saúde, termina por afetar a qualidade de vida das pessoas que sofrem desses males. Apesar do grau de dificuldade no diagnóstico, doenças como a "labirintite", que podem se manifestar de maneiras diversas, com sintomas inusitados, são consideradas benignas na maioria das vezes.
Hoje, busca-se primeiro detectar com maior exatidão as causas dos problemas no labirinto, explica a otorrinolaringologista, com subespecialidade no campo chamado otoneurologia, Heiko Yokoy. A partir daí, o especialista consegue fechar um diagnóstico em 90% dos casos. Boa parte dos médicos, conforme Heiko, faz o tratamento com a terapia medicamentosa, que também é usada por ela, mas apenas "como um dos recursos". O peso maior da terapia é direcionado à solução do fator que causou a doença e à reabilitação do paciente. Ela chama a atenção para o que entende ser uma revolução, alcançada com o trabalho dos últimos 15 anos, em termos de labirinto: a reabilitação vestibular, uma fisioterapia direcionada para o labirinto, com "enorme sucesso terapêutico".
Trata-se de exercícios específicos, feitos sob orientação do médico. Essa reabilitação é "altamente personalizada", com exercícios variados e diferentes indicações. Há pacientes que fazem a reabilitação no consultório. Contudo, a maior parte, segundo a especialista, faz os exercícios em casa, durante um período de tempo. A única coisa que precisa é "ter vontade de melhorar e disciplina". A resposta num paciente de média idade e crianças costuma surgir logo – " com 30 dias o paciente já esta 70% melhor".
É um método que avalia como, "superinteressante" porque "não tem efeito colateral, é eficaz e não traz transtorno para o paciente" que, muitas vezes, já tem outros problemas de saúde. "Depois que surgiu a reabilitação vestibular, o sucesso terapêutico aumentou muito." Sabe-se, segundo ela, que 90% dos pacientes tem uma resposta boa ao método e "a grande maioria dos casos fica completamente assintomática".
Heiko cita como exemplo pacientes idoso, debilitados que, sem nenhum medicamento, conseguem ficar bem com o tratamento. Enfatiza, entretanto, que o tratamento do labirinto não é unifatorial e, por isso, exige uma abordagem ampla para obter bom resultado. "A gente recebe são pacientes que usam medicamentos, sedativos do labirinto, por anos e anos, sem melhora."
Como o labirinto é sensível a qualquer alteração de saúde em gera, a recomendação – usual sempre que se fala em manter boa saúde – é também praticar atividade física regularmente.
DIAGNÓSTICO
Heiko Yokoy explica que a dificuldade no diagnóstico dos problemas no labirinto começa com quadro clínico, extremamente variado. Há sintomas mais clássicos, como tontura ou vertigem ( um tontura rotatória), que vêem associados com outros sintomas, como a perda auditiva e o zumbido. Na seqüência das combinações estariam sintomas como náuseas, vômitos, diarréia, palidez, taquicardia, suor frio. Esse, o quadro clássico, diz a médica.
Porém, sublinha, nem todos os pacientes apresentam esse quadro, o que poderia ser o caso de uma pessoa que só apresenta náusea ou o de uma outra com sintomas completamente fora do esperado, como a sensação de cabaça oca, vazia, concentração baixa, dificuldade de atenção, memória recente cada vez pior, quedas (freqüentes no idoso), distúrbio do sono, sensação de estar flutuando, de estar sendo puxado ou empurrado, de estar afundando. Tudo isso pode levar o médico a suspeitar de um labirintopatia, segundo a especialista.
Na criança, o diagnóstico pode ser ainda mais difícil. Nesse caso deverá ser observado mudança abrupta de comportamento, distúrbio do sono, xixi na cama, medo do escuro ou de altura. É ainda uma criança que pode apresentar baixo rendimento escolar, dificuldade de adquirir a linguagem oral e escrita, sintomas antes pouco valorizados, vistos como manha, mas que hoje levam a uma avaliação para se chegar ao diagnóstico mais correto.
Contra toda essa complexidade, Heiko acrescenta que, pessoalmente, ao fazer a entrevista com o paciente, ela já está tentando encaminhar para um tratamento, mesmo que existam causas com grau ainda maior de dificuldade. Servem de exemplo aí as doenças pré-existentes, como alterações metabólicas, colesterol alto ou diabete, que afetam o organismo como um todo. Por ser um órgão muito delicado, o labirinto detecta isso e traduz como uma labirintopatia.
fonte: fisioterapia.com
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